Minifotografias para minibinóculos e a invenção de AlbinoFotografias pintadas para simular cor
A ideia de fazer algo para preservar a memória da família surgiu em 2015 mas só em 2017 ela se concretizou. Foram algumas viagens até Presidente Prudente para entrevistar Albino, Lica, Odete, Odília, Maria Inês e Josete. Em Marília, entrevista com Helena; em Três Rios, Elza e Gilson; em São Paulo, Carlos, Creuza, Katia e Michele; em São José dos Campos, Jorge, Eleni e Virgínia. Ainda teve os vídeos enviados pelo primos Hélio e Antonio. Dois tios se recusaram a participar: Luís (recusa total) e Gilberto (cedeu fotos), o que explica o parco conteúdo da página deles. Resolvi limitar o alcance da pesquisa até os primos de primeiro grau, embora haja até tataranetos do casal inicial, Antonio e Laudelina. Explicação simples: o trabalho de pesquisar duas gerações da família foi o suficiente. Garimpei fotos antigas em muitas famílias. Para digitalizar, fotografei a foto em papel. Assim, obtive um arquivo digital de alta qualidade. Acabei entrando em contato com antigas técnicas como a pintura de fotos para simular cor e os mini-binóculos. Para fotografar aquelas fotos minúsculas, foi precisou que o tio Albino inventasse uma traquitana que ajudou. Foi preciso aprender gravação e edição de vídeo e edição de website, coisas que não dominava. Fora a parte técnica, que exigiu centenas de horas de trabalho, a emoção envolvida no processo foi gigante. Cada foto de 40 anos atrás revivia uma época boa de privação material mas união da família, aquelas visitas de domingo em que saíamos pelas ruas de terra de Presidente Prudente pra ir na casa dos tios, da avó, os primos todos pequenos, brincando juntos. Ou a imagem de minha mãe aos 16 anos, que nunca tinha visto. Ou as diversas imagens dos tios e tias pequenos e adolescentes. Isso é muito incrível de ver porque tendemos a pensar que nossos pais são sempre velhos mas eles já foram crianças também e, por suas vez, nós seremos velhos. O tempo só anda pra frente e o rastro dele se chama saudade! Poderia escrever muito mas o amor pela Família Santos já se concretizou neste trabalho. Na maioria das famílias, a história morre junto com seus protagonistas. Por isso, considero um privilégio ter um registro como esse, uma espécie de álbum de família virtual, com todas as fotos encontradas, muitas raridades e muita história. A importância disso é poder descobrir de onde viemos, todos os descendentes de um casal de nordestinos que, no começo da década de 1950, saiu pelo mundo com os filhos a tiracolo e veio parar em Presidente Prudente. Cada decisão que eles tomaram influi em cada um de nós até hoje. E se eles tivessem ficado no Nordeste? Seria pior? Melhor? O que importa é o que foi realmente e um pouco disso é o que apresento. Afinal, quem não sabe de onde vem, não tem a menor ideia para onde ir. E se alguém perguntar "pra que tanto esforço?", meu amigo, se você faz uma pergunta como essa, jamais vai entender a resposta. Sangue nordestino com orgulho!! Marcelo Christovão, outubro de 2019 |